"Não se descuide de ser alegre - só a alegria dá alma e luz à Ironia, à Santa Ironia - que sem ela não é mais que uma amargura vazia." - Eça de Queiroz

sábado, 4 de novembro de 2017

Emmie (por Bruno Teixeira)




(em honra de Vladimir Nabokov)


Alma pura, coração cego,
sentimentos que a razão não pode mudar;
santidade plena, inocência em sossego,
toda a santa sede que a água quer matar.
Num lugar onde a compaixão é soturna,
uma criança exerce o dom de ser traquinas
perante o olhar de um homem isolado
que, com a dor da sua alma cada vez mais noturna,
desdenha as peripécias do seu fado inacabado.
E, por entre a luz do sol que bate nas colinas
verdes de um horizonte certamente perdido,
o amor ao devaneio prevalece sobre a virtude
de um mundo que, por vezes, quer ser esquecido
de toda a alma cordial perdida pela juventude.
E eis que uma audaciosa criança
nunca perde a esperança….
… e ela chama-se Emmie.
Ela chama-se Emmie
e permanece na sua essência
perante um Rodion benevolente
em relação à sagrada ciência
de um coração que nunca mente.
E eis que um Cincinnatus comovente,
sem narcisismos morre lentamente
no buraco profundo d’uma ilusão
de que algum dia viverá no seu próprio coração.

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