"Não se descuide de ser alegre - só a alegria dá alma e luz à Ironia, à Santa Ironia - que sem ela não é mais que uma amargura vazia." - Eça de Queiroz

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Flores Negras (por Beatriz Rocha)

Vis como cobras,
Negras como escuridão,
Que se julgam superiores só por serem
Dotadas de uma beleza superficial
Divinas como uma modelo,
Mas vazias e frias,
No coração imperfeito.

Dotadas de um exterior perfeito,
Todavia impuras como pó.
Insignificantes no seu caráter,
Por aparentemente gozarem
Com os mais frágeis e audazes.

Nem sabem a grandeza destes sábios
Destes artistas que realmente tornam o Mundo
Num recanto mais mágico e colorido.

Digo que a balança está desequilibrada:
Valorizem o exterior em pequena quantidade,
Todavia engrandeçam o vosso interior,
O vosso aroma e cheiro de que são feitas as convicções
E enobreçam o vosso coração.

Pensamentos Soltos (por Vicente Carvalho)

Pensamentos soltos, ideais floridos
que vivem no coração d'um velho poeta;
são sentimentos solitários
que, por vezes, estão esquecidos
numa triste alma repleta de calvários.

Velhas sensações, razões destemidas
que subsistem plenamente nas suas palavras
que ele escreve todas as noites ao luar
perante êxtases desmedidas
que lhe roubam o seu desejo de amar.

Debruçado em questões e certezas,
em perguntas e respostas, caminhos, destinos e rotas,
descobrindo os caminhos da subtileza.

E o seu olhar percorria culturas e nações;
entre o verso e o recital, à procura do santo graal,
tocando mentes, almas e corações.

E era uma vez um rapaz triste e amargurado
outrora perdido no amor e encontrado nas vielas;
corria atrás do vício enquanto cantava o seu triste fado,
expressando o velho ardor de romarias e procelas.

Ah, se ao menos pudesse viver uma sensação
pobre e repleta de paixão
por entre as brumas de uma glória
passada entre as paixões da nossa história.

Pensamentos soltos, ideais floridos
que brotam nas veias do sentimento;
são contentamentos loucos e sofridos
em tristezas descomprometidas
por entre a epifania e o desalento.

Velhas sensações, razões destemidas
d'uma voz rasgada pela virtude do tempo;
perdido em combates de guerras vencidas
pelos ventos conquistadores e salteadores
d'uma causa perdida em desamores.

Debruçado em questões e certezas,
em perguntas e respostas, caminhos, destinos e rotas,
descobrindo os caminhos da subtileza.

E o seu olhar percorria culturas e nações;
entre o verso e o recital, à procura do santo graal,
tocando mentes, almas e corações.

E era uma vez um rapaz triste e amargurado
outrora perdido no amor e encontrado nas vielas;
corria atrás do vício enquanto cantava o seu triste fado,
expressando o velho ardor de romarias e procelas.

Ah, se ao menos pudesse viver uma sensação
pobre e repleta de paixão
por entre as brumas de uma glória
passada entre as paixões da nossa história.

Pesadelo (por Vicente Carvalho)

No dia em que os pesadelos se tornaram realidade,
as pessoas não eram mais que elas próprias;
o mundo era apenas um lugar pra viver,
o amor era apenas a razão para amar.

No dia em que os pesadelos se tornaram realidade,
todos quadros e retratos eram fiéis a si próprios;
todo o semblante era simétrico, todo o sorriso
era geométrico como as paredes da minha casa.

No dia em que os pesadelos se tornaram realidade,
toda a existência, por alguns minutos, fez sentido;
toda alegria soturna se converteu na força da mocidade
e a utopia dos sonhos acordou d'um sono profundo.

Serenata Jocosa ao Luar (por Vicente Carvalho)

Um dia, quando o Sol raiar sobre as trevas
E os pássaros cantarem a virtude da sua natureza,
Pintarei um retrato mais fiel da Gioconda
E todo o mundo sonhará sob o luar.

Um dia, quando as nuvens partirem
Por entre as extensas planícies do desencanto,
Descansarei à sombra do lirismo itinerante
E os meus versos ecoarão nos teus ouvidos.

E, tu, alma jocosa de constantes devaneios,
Repousarás calmamente ao meu lado
E te deleitarás com o brilho das estrelas
Que decoram o céu que nos rodeia nesta noite.

Um dia, quando a primavera chegar
E as fragatas e os rouxinóis reinarem na fauna,
Já cá não estarei eu para observar
A beleza e o encanto da tua mocidade.

Sociedade (por João Campos)

Tu, sociedade que és tão rude,
Que descriminas e maltratas todos aqueles
Que rejeitas, aqueles que te são diferentes.
Aqueles que pensam de forma diferente.
Tu, sociedade mostras indiferença
Perante os que necessitam de ti.
A tua ganância corroí-te por dentro.
E destrói o que há de bom em ti.
A tua inveja cresce a olhos vistos,
Levando-te a uma loucura intensa e movida
Por interesses egoístas e narcisistas.
Tu sociedade tornas-te podre pode dentro.