"Não se descuide de ser alegre - só a alegria dá alma e luz à Ironia, à Santa Ironia - que sem ela não é mais que uma amargura vazia." - Eça de Queiroz

sábado, 15 de abril de 2017

Solidão (por João Campos)

Por vezes gostava de poder fugir de vez,
Esconder-me onde ninguém me pudesse descobrir,
Desaparecer do mapa sem que ninguém desse por mim,
Sem que ninguém soubesse.
Ah quem me dera ser livre como um pássaro,
Viver numa casa de campo rodeado de campos por cultivar,
Ouvindo o som da natureza, do vento a soprar nas árvores,
O cheiro a relva natural, observar as cores das flores na primavera.
Quem me dera poder isolar-me de tudo o resto,
Desta sociedade cheia de podridão,
Cada vez mais egoísta, sem valores nem princípios,
Quem me dera poder sair deste contexto.
Por vezes sinto o desejo de solidão,
Um desejo insaciável e incurável que não larga os meus pensamentos,
Que se pegou ao meu corpo e á minha alma de tal forma,
Que me consome as ideias e as atitudes.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Mentalidades (por João Campos)

“Reflexões calmas, inclusive as mais calmas, ainda são melhores do que as decisões desesperadas.” - Franz Kafka
Começo esta crónica com uma citação de Franz Kafka com o objetivo de introduzir uma temática deveras importante para nós países que tiveram sobre resgate. Com isto refiro-me ás palavras do ministro das finanças do Euro grupo Dijsselbloem.
Na minha opinião, nós portugueses, mais uma vez, interpretámos mal uma critica bem-feita em relação ás nossas atitudes e comportamentos que nos levaram a consequências desastrosas a nível económico e social.
Quando o holandês proferiu aquela afirmação ao jornal Frankfurter Zeitung de que “… não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda…” pretendeu dizer que seria erróneo gastar dinheiro em coisas desnecessárias, fúteis, inúteis e depois pedir dinheiro emprestado para aquilo que é extremamente necessário, isto é, não esbanjar o dinheiro naquilo que é frívolo e sim canaliza-lo para aquilo que é imprescindível.
É tudo uma questão de mentalidades. Enquanto vemos os países bálticos como a Suécia e a Noruega com fortes economias fortes e estáveis,enquanto que nós países do sul da Europa estamos cada vez mais em recessão. Tem tudo haver com as nossas escolhas.Portugal tem muito potencial e melhorando no aproveitamento dos seus recursos materiais e materiais pode voltar a ser uma das grandes potências mundiais. Começando por aproveitar o largo espaço marítimo, continuando na aposta nos têxteis, na produção de vinhas e vinho entre outras. Há que aumentar as exportações de produtos para equilibrar a balança de pagamentos. Uma das soluções seria liberalizar mais a economia promovendo e estimulando as empresas privadas em apostar na empregabilidade e na economia do país.
Para concluir usufruo mais uma vez de uma frase do mesmo autor: ““Existem dois principais pecados humanos a partir dos quais derivam todos os outros: impaciência e indiferença. Por causa da impaciência fomos expulsos do Paraíso, por causa da indiferença não podemos voltar.”

sábado, 1 de abril de 2017

A pior coisa que podemos fazer a uma criança (por Marc Rodrigues)

"A vida passa e em passar consiste" 
- Ruy Belo

A pior coisa que podemos fazer a uma criança, embora seja inevitável fazê-lo, é ensinar-lhe a ler as horas. É dar-lhe um relógio de pulso e mostrar que a vida é tão redonda como de 12 a 12. É ensinar-lhe que cada passo é um tique ou um taque. É mostrar-lhe que a vida passa e em passar consiste. Dar-lhe um bilhete para ver a magnifica dança do tempo, tão bela e tão infinita, para que ele assista temente e choroso o momento em que o pano cai. Ao invés de, como em qualquer bom espetáculo, se levantar e aplaudir a última vénia da vida.