"Não se descuide de ser alegre - só a alegria dá alma e luz à Ironia, à Santa Ironia - que sem ela não é mais que uma amargura vazia." - Eça de Queiroz

sábado, 18 de fevereiro de 2017

O Estado das Coisas (por João Campos)

“Faz falta aqui uma trova
Duma criança oprimida;
Ela que fale da fome,
Ela que fale da vida
Ela que fale da pomba
Que tem a asa ferida;
Ela que fale da nuvem
Que encobre a terra poluída.”
Esta prosa escrita pelo nosso bem conhecido Zeca Afonso, que retratava a pobreza, e a opressão de um povo que vigorou 48 anos, desde 1933 até 1974. Aquela que todos chamamos de Ditadura Salazarista. Neste momento Portugal esta um país mais desenvolvido, fazendo parte de um grupo restrito de países que proporciona condições de vida fantásticos e que nos permite viver em liberdade. Contudo em muitos países, senão a maior parte deles, vive em constantes turbulências, tanto a nível governamental, como a nível social e económico. Digamos que existem três mundos diferentes dentro do mesmo planeta. Um que constitui os países mais desenvolvidos, outro dos países em desenvolvimento e por fim estão os países em subdesenvolvimento. Gostaria aqui de abordar este terceiro grupo onde se situa o continente africano. 
Existem muitos males e malefícios, uns acabam outros nascem logo a seguir, um turbilhão de problemas assolam as nações africanas. Qual é causa desses problemas? Como surgiram? De quem é a culpa? O que se passa, mais em concreto, nesses países?
Somos nós europeus fomos a causa, a culpa, o problema desses países que, neste momento passam por tantas dificuldades. Começou quando decidimos, no âmbito da ganância e do poder, colonizar e escravizar as populações, explorar as terras deles a nosso bel-prazer. Tentamos impor a nossa religião e as nossas regras sociais a outros povos. Controlamos o rumo daquelas regiões para nosso proveito sem dó nem piedade. Mas quando as largamos, deixamos um caos tremendo sem ajudas nem apoios para que se possam construir e desenvolver como sociedade. 
Na actualidade ainda continuamos a controlar de forma indirecta o rumo destes países. Mas não somos os únicos. Temos ainda as duas maiores potências mundiais a ajudar. Existem novas formas de escravidão, em que as grandes empresas que funcionam por lá (pelo menos a maior parte delas) exploram de forma desumana sem olhar a meios para atingir os seus fins. As pessoas morrem há fome, sem condições para ter uma vida saudável e digna de um ser humano. Estão constantemente em guerras civis, tirando e colocando governos ditatoriais como se muda de roupa diariamente. Contudo os países mais poderosos, só atuam perante estas situações quando vêem que vão ser afectadas economicamente.
Particularizando mais a situação. Começo com o exemplo das cidades mortas do Congo, em francês “ville mort”, onde crianças dão lugar aos manifestantes, a tensão sobe e são eles, por momentos, os novos senhores no comando de Kinshasa. Em Janeiro de 2015 o governo do Congo preparava-se para avançar com alterações à lei eleitoral (uma forma de prolongar o mandato do presidente Joseph Kabila por tempo indeterminado). A contestação subiu de tom e, para tirar força aos protestos de rua, o governo cortou todo o acesso à Internet. A situação no país é muito complexa. O clima social é imprevisível e a estabilidade ainda é uma palavra estranha no léxico congolês.
Outro exemplo mais concreto é a República Centro-Africana onde é difícil encontrar água canalizada. Existem relatos de trabalhadores das Nações unidas que trabalham nestes terrenos de que se sentia a tensão no ar, havia chuvas de tiros e granadas. Isto aconteceu por volta do Natal de 2012, os rebeldes começam a ganhar terreno sobre as tropas centro-africanas. Quando as tropas rebeldes alcançam a barreira de segurança a cidade passou por dificuldades tremendas desde deixar de haver água potável ao fim de algumas horas e a comida também acabou rapidamente.
Em Angola temos uma ditadura como regime de governação, onde a falta de liberdade, a pobreza, a fome também domina.
Por estas situações passam países como Timor, na Serra Leoa, no Chade, na Guiné-Bissau, entre outros países. Estas situações foram relatadas por aqueles que trabalham no terreno, nas instituições como a ONU, por aqueles que se esforçam por proporcionar a paz, a estabilidade, e a evolução social daqueles países que apresentam dificuldades em todas as vertentes.
Por fim concluo este texto com uma frase de Baltasar Gracián y Morales “Aplaudem-se as tolices de um rico enquanto nem se dá ouvidos às máximas de um pobre.”

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